Por que alguns "crentes" dizem que os católicos não se salvam?
Os argumentos dos quais os "crentes" se servem, na maioria, são os seguintes:
1º Porque os católicos não são batizados como Jesus foi batizado, isto é, por imersão na água.
2º Porque obedecem à Igreja Romana e não à Bíblia.
3° Porque são idólatras, adorando as imagens.
4º Porque aceitam na igreja pessoas que praticam vícios.
5º Porque acendem velas como fazem os macumbeiros.
Vamos agora à resposta de cada item:
1° Jesus não foi batizado com o mesmo Batismo que os católicos são batizados, mas com o batismo de João Batista, que era apenas um rito de penitência, e não Sacramento.
O nosso Batismo é o Sacramento instituído por Jesus com a água e o Espírito Santo. O mesmo João Batista diz que o Batismo de Jesus é diferente do dele: "Ele vos batizará com o Espírito Santo e o fogo" (Mateus 3,11; João 3,5).
O Batismo instituído por Jesus foi praticado pelos Apóstolos e em seguida pela Igreja Católica. Jesus não fala de batizar por imersão, mas diz "pela água e o Espírito Santo". Quer dizer que a água pode ser também despejada. Confirmação disso é o Catecismo da doutrina dos primeiros cristãos, chamado "DIDAQUÉ". Este catecismo foi escrito quase no mesmo tempo dos Evangelhos, 80-100 anos depois de Cristo. Eis o texto do Didaqué:
"No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, na água corrente. Se não puder na água corrente, batizai na outra água... Se não tiver nem água corrente nem a outra água, despeja na cabeça três vezes um pouco de água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Cf. Didaqué, cap. VII, art. 1-2-3)
2º Será que Cristo não deixou um representante seu na Terra, aquele que os católicos chamam de Papa?
Não, respondem os "crentes", "só Cristo é Cabeça do Corpo da Igreja" (Colossenses 1,18).
Também os católicos reconhecem Cristo como o Cabeça e como o único que salva, tem poder e autoridade.
Jesus, porém, escolheu uma Igreja feita de pessoas humanas para que o representassem, com segurança, ao longo dos séculos, até o fim do mundo; para isso ele deu a Pedro o poder de "ligar e desligar", isto é, ter autoridade de proibir, condenar ou permitir, e confirmaria o que seu representante decidisse na Terra.
O texto que fala disso é o do evangelista Mateus, no capítulo 16, versículos 15 a 19:
"E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo"! Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas o meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus: Tudo o que ligares na Terra, será ligado nos céus, e tudo o que desligares na Terra, será desligado nos céus".
A Pedro deu também o encargo de cuidar de todos os apóstolos e de todos os outros que estão na Igreja.
Esta conclusão vem do Evangelho de são João, capítulo 21, versículos 15 a 18:
"Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, amas-me mais do que estes'? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo'. Disse-lhe Jesus: 'apascenta os meus cordeiros'. perguntou-lhe outra vez: 'Simão, filho de João, amas-me'? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta os meus cordeiros'. Perguntou-lhe terceira vez: 'Simão, filho de João, amas-me'? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: 'Amas-me?', e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta as minhas ovelhas'.
Será que não é bastante claro o que Jesus disse a Pedro?
Não teria sentido a afirmação de Cristo de que estaria com a Igreja a cada instante até o fim do mundo (Mateus 28,20), se essa promessa se esgotasse em Pedro e não tivesse sido extensiva aos futuros dirigentes da Igreja, aos Papas
3º Os "crentes" dizem na Bíblia está escrito:
"Não farás para ti imagens esculpidas de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, nem embaixo da Terra" (Êxodo 20,3-5).
Se interpretarmos este trecho ao pé da letra, e o aceitarmos também para hoje, teríamos que aceitar outros trechos onde encontarmos também muitas outras proibições. Por exemplo:
- Não se pode comer a carne de porco, de coelho, de lebre, de camelo (Levítico 11,4-8;Deuteronômio 14,7-8).
- Deus manda que os meninos sejam circuncidados (Levítico 12,13).
- É proibido cortar o cabelo em redondo, ou cortar a barba pelos lados (Levítico 19,27).
- O homem e a mulher adúlteros devem ser punidos de morte (Levítico 20,10).
- Os pais têm poder de levar um filho "indócil e rebelde" aos anciãos da cidade para que seja apedrejado até morrer (Deuteronômio 21,18-21).
Tudo isso é OBRIGATÓRIO, tanto quanto não fazer estátuas!
Os especialistas na interpretação da Bíblia explicam que todas essas leis (inclusive a da proibição das estátuas) só valiam para os israelitas da época, que estavam se desviando da Aliança com Deus, colocando-se em perigo sério de se tornarem idólatras, isto é, tentados continuamente para adorar os deuses dos egípcios e dos cananeus. Mas, passado o perigo da idolatria, Deus mesmo mandou fazer as estátuas:
- "Farás dois querubins de ouro" (Êxodo 25,17).
- "O Senhor disse a Moisés: Faze uma serpente de bronze e coloca-a sobre uma haste" (Números 21,8).
- (No Templo) Havia figuras de leões, bois e querubins (1 Reis 7,29).
Nós, católicos, continuamos a adorar unicamente a Deus, nosso Criador e Senhor, e amar e venerar os nossos santos, que são amigos de Deus...
4º Em relação aos vícios, temos uma passagem interessante do Evangelho: "Pedro se aproximou e disse: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?' Respondeu Jesus: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete'" (Mateus 18,21-22).
A Igreja católica distingue entre o pecado e o pecador: o pecado deve ser sempre rejeitado; o pecador deve ser sempre amado, compreendido e acolhido.
5º Quanto ao acender as velas, no uso católico não tem nada de espiritismo ou coisas parecidas. Vela acesa tem um sentido simbólico: simboliza a fé que ilumina, bem como simboliza a doação que se consome.
Resumindo tudo: a Igreja Católica tem profunda consciência da legitimidade da sua dotrina e das suas práticas religiosas. Basta procurar os esclarecimentos autênticos e não se deixar intimidar com as objeções baratas e infundadas de quem quer que seja.
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(Neste artigo foi aproveitado substancialmente o livrinho do Pe. Sandro Schiattarella: "A Assembléia de Deus", Editora Santuário. Aparecida - SP, 1987).
Cavaleiro da Imaculada (Ed. 123 - março, 1989)
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