CONSAGRAÇÃO DIÁRIA

CONSAGRAÇÃO DIÁRIA


Virgem Imaculada! Minha Mãe Maria Santíssima! Eu renovo, hoje e sempre, a consagração a Ti de todo o meu ser, para que disponhas de mim para o bem de todos. Somente te peço que eu possa, minha Rainha e Mãe da Igreja, cooperar fielmente com a missão de construir o Reino do teu Filho Jesus no mundo. Por isso, te ofereço minhas orações, meus sacrifícios e minhas ações.

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós e por todos quantos a Vós não recorrem, de modo especial pelos inimigos da Santa Igreja e por aqueles que a Vós estão recomendados.


INTENÇÃO PARA O MÊS DE MAIO/2024:

Para a oração e a consagração edifiquem o mundo no bem tornando-se construtores de paz.

29 janeiro 2011

Mantenha distância...


Quando se viaja pelas rodovias, lê-se nas carrocerias dos caminhões: "mantenha distância"! É uma norma que ajuda a evitar acidentes.
Manter distância é necessário também nas relações interpessoais, sobretudo quando se quer ajudar alguém que lhe expõe os problemas que o afligem e para os quais não tem ainda saída. Com facilidade podemos entrar em empatia com a pessoa que sofre e sermos envolvidos pela nossa compaixão. E em nossa compaixão para com ela, nos confundirmos com os problemas dela. Seus sofrimentos podem despertar nossos sentimentos e a dor dela nos contagiar tanto, a ponto de perdermos o controle sobre a situação, nos sobrecarregarmos com os sofrimentos dela e não saber distinguir entre os problemas que ela apresenta e a pessoa que ela é. Nisto reside o perigo: tratar a pessoa e seus problemas como se fosse uma coisa só. Por isso, é necessário aprender a distinguir as coisas, separar o que é o problema, daquilo que a pessoa é!
Como regra geral, vale dizer que a pessoa é sempre maior do que seu problema. Portanto, mesmo que seja difícil, ela está em condições de enfrentá-los, mesmo porque, se não o fizer, ela é quem vai sofrer as consequências. E de um jeito ou do outro vai depender dela sair deles (problemas) ou continuar com eles. Daí que, quem quiser ajudar o outro a encontrar solução para suas dificuldades, não pode envolver-se nas emoções do sofredor e carregar-se dos mesmos sofrimentos. Seria não mais uma pessoa com problemas, mas duas com os mesmos problemas e sem a solução adequada. Isso não quer dizer que se deva ser insensível. Ser capaz de compadecer-se é um dom, porém, isto não significa entrar na dor dela e absorvê-la para si. Aliás, Jesus, a mais compassiva de todas as pessoas, quando alguém vinha apresentar-lhe um problema, compadecia-se. Dava toda atenção, curava, ensinava, mas não levava o problema da pessoa consigo. Mantinha distância entre o problema e a pessoa.
Lidar com os problemas emocionais dos outros requer esse cuidado: manter distância! Assim se pode efetivamente abrir novos horizontes para que a pessoa saia do círculo vicioso em que seus problemas a enclausuraram. Isso que vale para os outros, vale também quando você quiser encontrar respostas para seus problemas. Primeira atitude é não confundir-se com eles. Tomar distância ajuda a vê-los com mais objetividade, possibilitando respostas mais realistas, e isto permite manter também mais controle sobre si e seus sofrimentos.
Manter distância: eis um segredinho que pode ser útil em muitas ocasiões, não só nas rodovias, mas também ao longo do caminho que sua vida vai percorrendo! Por isso, mantenha distância, para poder estar muito próximo de quem o procura para buscar alívio para seus sofrimentos!
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Padre Deolino Pedro Baldissera
O Mílite (Ed. 214 - setembro, 2008)

O segredo do bambueiro


Todos conhecem pés de bambu. Os bambus nunca vivem sozinhos. Se você planta uma muda só, logo, logo ele cria outros rebentos e aos poucos forma uma touceira. Nas touceiras, existem hastes de diferentes tamanhos, espessuras, idades e todos, segundo suas proporções, balançam ao sabor do vento com leveza ou com grunhidos quando uma toca na outra, mas sempre na direção do céu. Há hastes que crescem, engrossam mais que outras, mas todas encontram seu espaço vital, desfrutam de claridade suficiente para se desenvolver e na medida em que crescem naturalmente vão soltando seus revestimentos que envolvem seus gomos. Com o passar do tempo, aqueles que nasceram primeiro vão secando e dando lugar aos outros que vão nascendo e assim o bambueiro vai se eternizando. Eles sempre se renovam, o verde está sempre presente e é bonito olhar os bambus; embora eles se tornem muitos, todos convivem bem, apesar do vento que causa de vez em quando uma certa choradeira entre eles, mas passada a ventania, eles voltam a sua paz e seguem seu ciclo vital. Há, porém, um segredo que os mantém vivos e ele se esconde sob suas raízes! Dizem que os bambus, quando nascem espontaneamente, nascem em solos onde há água nas suas subjacências. Eles precisam muito dela para viver, e isto é um segredo que eles passam de geração em geração; longe da água eles vivem menos tempo e não ficam tão viçosos. Perto dela, eles vingam melhor e preservam suas origens, e sempre crescem em direção ao céu, embora olhando para a terra!
Fico imaginando que os bambus em muitos aspectos se assemelham aos humanos! Como eles, nós também não vivemos sós. Aliás, se alguém quiser viver só, logo, logo se estafa, se deprime, fica triste e adoece. Porque nós humanos somos feitos para viver juntos, como famílias, como grupos, como sociedade. Como os bambueiros, precisamos aceitar a convivência entre tamanhos e idades diferentes e, como eles, também sofremos de vez em quando atritos e revezes causados pelos contratempos. E nesse ponto temos algo a mais para aprender dos bambus! Nós humanos temos dificuldade de lidar com os conflitos, quando as ventanias da vida fazem balançar o equilíbrio que existia. Os bambus retomam à paz tão logo o vento cesse; nós humanos costumamos guardar rancores e falar mal uns dos outros, criando um ambiente onde a paz desaparece. Somos muito ambiciosos, queremos as coisas só para nós e aí criamos um individualismo e subjetivismo danados.
É difícil viver sem paz, a vida se torna pesada e fechada, os horizontes ficam estreitos e cada um no seu mundinho fica reclamando de suas insatisfações. Nos bambueiros é normal que cada um ceda espaço para o outro e perca um pouco de suas proteções. Suas cascas caem na medida em que eles vão ficando maiores e mostram sem vergonha seus meses e seus anos, vivendo intensamente seus dias. Nós humanos queremos conservar nossas aparências e resistimos em nos desfazer daquilo que não serve mais, perder nossas cascas, nossas proteções infantis, e por ISSO nem sempre crescemos para a maturidade como poderíamos e os horizontes ficam menores.
Os bambus são espertos, eles nunca se afastam das fontes de água que os alimenta. Nós humanos, às vezes, somos tão autossuficientes que achamos que podemos viver sem a força que sustenta a vida, que não está dentro de nós, mas precisamos acolhê-la para que se torne nossa força interna e nos faça crescer em transcendência, como os bambus que crescem em direção ao céu, alimentados pelo segredo da vida que está em suas raízes!
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Padre Deolino Pedro Baldissera
O Mílite (Ed. 215 - outubro, 2008)

Aprendendo com a águia


A águia é um pássaro que pode viver aproximadamente 70 anos. Para consegui-lo, precisa se sujeitar, em tomo dos 40 anos, a passar por um processo de renovação. Quando a águia chega mais ou menos a essa idade, ela está com o bico voltado muito para dentro o que lhe dificulta comer. Suas garras estão grandes e flexíveis, não seguram mais suas presas com a força que precisa. As penas de suas asas estão grossas e pesadas e dificultam seu voo. Nessa condição, ela tem que fazer uma escolha, viver ou morrer! Normalmente, o instinto da sobrevivência é mais forte e então a águia vai para um penhasco e passa lá em tomo de 150 dias, fazendo um processo dolorido de renovação. Bate com o bico em uma pedra até arrancá-lo, aí deve esperar um novo bico nascer; quando está de bico novo, arranca as unhas velhas, flexíveis e espera que novas nasçam mais resistentes; aí arranca as penas velhas das asas e aguarda que novas surjam. Depois disso, está pronta para viver mais 30-40 anos. Se não fizer esse processo vai morrer antes do tempo.
Como pessoas nós também temos nossos tempos! Em tomo da meia idade, 35-45 anos, já conquistamos uma série de coisas, família, profissão, bens, e na medida em que os dias passam começam a aparecer algumas crises! Perguntas novas surgem a respeito da vida, de seu sentido, de como enfrentar as novas situações que começam a emergir: o peso da idade, as transformações físicas, necessidades novas, etc. É preciso coragem para renovar-se, aprender hábitos novos, novas dietas alimentares, aceitar-se na condição que está, descobrir novos significados. Abrir mão de alguns prazeres nocivos à saúde. Arejar-se mentalmente aceitando novas ideias, acreditar na capacidade e criatividade das novas gerações, adaptar-se às mudanças que o tempo foi operando na vida em sociedade, reaprendendo a relacionar-se, purificando a mente e o coração dos preconceitos e ideias já ultrapassadas, acolher o novo que vai emergindo. Isso tudo é custoso, não é fácil renunciar à ilusão da eterna juventude. Não é fácil admitir que já não se tenha mais a mesma força, agilidade e disposição de quando se tinha 20-30 anos, não é fácil aceitar as perdas de pessoas queridas, as limitações da memória, as frustrações de sonhos não realizados. Nesse tempo de crise temos duas opções: aceitar esses desafios e os enfrentar, ou então, acomodar-se esperando que a morte chegue!
Aprender com a águia é optar pela vida e isto é sabedoria que os anos ensinam. Na meia idade, é tempo de alçar novos voos, descortinar novos horizontes, renovar esperanças acreditando que enquanto estamos no tempo temos chances de fazer novas escolhas. Escolha, pois, a vida! Aprendamos com a águia!
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Padre Deolino Pedro Baldissera
O Mílite (Ed. 217 - dezembro, 2008)

27 janeiro 2011

"Você Sabe com quem está falando?"


Tenho certeza que muitos já devem ter ouvido falar da "síndrome da carteirada", ou seja, aquela pessoa que por algum motivo, função, altura, cor, descendência, etc., acha que é melhor que o restante do mundo. Outorga a si o direito de espalhar um séquito invisível por todo o mundo. E, diga-se de passagem, este fenômeno às vezes se repete em nossas próprias comunidades cristãs.
Essa situação, guardadas as devidas proporções, se dá em nossas comunidades na postura e atitudes de membros que fundaram a comunidade, em coordenadores de pastorais, de ministérios, de bandas e por aí vai. Até mesmo padres e religiosos caem neste pecado de autoritarismo egoísta. Por isso, nós, como discípulos de nosso Senhor, devemos reconduzir a nossa conduta e fugir deste mal que percorre as comunidades.
Para esta reflexão, voltemos à fonte de nossa fé, o Evangelho. Gostaria de destacar perguntas importantes acerca de Jesus e de sua missão no Evangelho de Marcos: quem é Jesus? Qual a sua liderança? Quais direitos sua missão lhe concede? Caminhemos juntos com Jesus ancorados nestas perguntas.
Diferentemente dos outros evangelhos sinóticos, o Evangelho de Marcos não se inicia pela genealogia de Jesus, ou seja, não começa apontando sua origem. No Evangelho de Marcos, Jesus não tem genealogia nem recebe título porque Ele é visto como o "servo", sendo assim desprovido de origem ou título terreno. Essa "não-origem" revela, de certo modo, uma grandeza. Essa grandeza toma-se mais clara se feita uma analogia entre o Evangelho de Marcos e o Livro do Gênesis. Marcos utiliza a mesma palavra do primeiro livro da Sagrada Escritura: Gênesis - "Gênesis do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus - Ou seja "Origem da boa notícia de Jesus, o Filho daquele que é Eterno, Deus.
Jesus não atribuirá a si direito algum sobre as coisas ou pessoas; atribuirá tudo à bondade de Deus, da qual Ele procede. Jesus convidará todos à conversão para, assim, alcançar o Reino do Céu. O Evangelho de Marcos aborda a temática do Servo Sofredor, apesar da palavra 'sofredor' ser utilizada de modo equivocado, pois o mais correto seria Servo 'Servidor'. São Paulo salienta esta característica ao recordar as únicas palavras de Jesus fora dos evangelhos: "Há mais alegria em dar do que receber" [Atos, 20,35]. O servir de Cristo era partilhar do amor de Deus Pai, do qual Ele era oriundo.
Ao longo de nossa caminha se faz necessário retomarmos diversas vezes ao Evangelho com o desejo de experimentarmos essa generosidade de Cristo que procede do Pai, já que, por vezes, temos a mesma falta de entendimento dos discípulos. Jesus faz uma dura correção a João e Tiago, que desejam sentar-se um à sua direita e outro à esquerda [Marcos 10,35-39]. Parece que essa situação se repete de modo semelhante em nossos tempos, pois após tantos anos ao lado de Cristo ainda desejamos ser servidos!
O serviço desenvolvido em prol de Cristo não pode gerar sofrimento, embora seja sacrifício. Deve ser expressão do nosso entendimento do próprio convite de Cristo. O amor que sentimos por Deus nos leva a amar as outras pessoas, acolhendo, curando, partilhando e até mesmo sofrendo com os nossos irmãos. Isto em Cristo se dá frente a sua íntima união com Deus Pai: pela madrugada se colocou a rezar [Marcos 2,35]; retirou-se para o outro lado da margem [Marcos 3,7]; no momento mais importante consolou-se junto ao Pai [Marcos 14,35].
Muitos dos nossos grupos, pastorais e ministérios fazem uma parada de férias neste mês de julho. Que bom seria se neste período pudéssemos nos perguntar: "Que servo sou eu para a minha comunidade? Que serviço estende aos membros do meu grupo? O meu ministério é um fardo que conduzo apoiado no exemplo de Cristo?"
Não importa de onde viemos ou que fazemos, mas importa sim se fazemos em nome de Cristo. E tudo aquilo que é feito em seu nome terá a sua marca de misericórdia, compaixão, perdão e serenidade. O serviço dentro da comunidade não traz certezas, traz esperança. Esperança essa que, traduzida em perseverança, nos devolve a certeza e confirma a presença de Cristo em nosso meio. Fica claro o exemplo das discípulas que na manhã de domingo vão ao túmulo para ungir o corpo Jesus. [Marcos 16,2-6].
Queridos irmãos, em nossos ambientes eclesiais, caso tenhamos que fazer a pergunta: "sabe com quem você está falando?" ou alguém venha a nos fazer esta pergunta, prontamente nos responde Jesus: "És tu aquele que faz a vontade de meu Pai?" [Marcos 3,35]. Caso sejamos, estaremos juntos na mesma messe, trabalharemos juntos na edificação de um Reino que se assemelha ao comportamento das crianças [Marcos 9,36].
Que o Senhor nos dê sabedoria e discernimento para cumprir a sua vontade.
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Frei Ennis Cláudio Araújo
Cavaleiro da Imaculada (Ed. 364 – julho, 2010)

26 janeiro 2011

Se queres ser feliz...


Querido jovem,

Se te sentires sozinho, lembra-te que nunca estás só, pois Jesus Cristo está sempre contigo.
Se sentires o teu coração carente, lembra-te: somente Deus poderá preencher plenamente a tua vida.
Se sentires o teu coração arder, que seja por uma coisa boa e justa.
Se estiveres um tanto perdido no caminho da tua vida, tenta, com coragem e esperança, buscar Aquele que é o Caminho da Salvação .
Se te sentires infeliz, vê os porquês disso e volta a ser feliz.
Se não souberes onde encontrar a verdadeira felicidade, fala com Deus, com teus pais e teus verdadeiros amigos que querem o teu bem.
Se ainda achares que fazer o bem, ajudar os outros, rezar e ir à missa e marcar presença em tua comunidade é obrigação, procura conhecer e saber o que é o amor verdadeiro, pois ele te mostrará que quando os fazemos por amor e com amor, os deveres e os mandamentos já não serão mais obrigações, mas expressão alegre de quem ama.
Então, se queres ser feliz, ama a Deus e teus irmãos, ama teus pais e amigos.
Se queres ser feliz, faze os outros felizes.
Se queres ser feliz, não faças a ninguém o que não queres que te façam.
Se queres ser feliz, carrega com amor e esperança as cruzes e os sofrimentos de tua vida. Eles são oportunidades para crescer e ser melhor, pois com Jesus Cristo toda cruz se torna leve e te ajuda a te libertar dos pesos inúteis.
Se queres ser feliz, ajuda a carregar a cruz dos teus irmãos.
Se queres ser feliz, reza.
Se queres ser feliz, canta, faze canções, sê uma canção bonita e vive com alegria.
Se queres ser feliz, olha tudo e todos com o coração.
Se queres ser feliz, procura ser solidário com todos os necessitados.
Se queres ser feliz, procura ser fraterno e amigo.
Se queres ser feliz, ouve com amor a Palavra de Deus e procura praticá-Ia com a vida.
Se queres ser feliz, respeita a natureza em si mesma e em ti.
Se queres ser feliz, nunca engana teus irmãos.
Se queres ser feliz, procura ser honesto e incorruptível.
Se queres ser feliz, não confunde amor com paixão.
Se queres ser feliz, não guarda rancor de ninguém e perdoa sempre a quem erra.
Se queres ser feliz, trata a todos com respeito e ternura.
Se queres ser feliz, não sê invejoso, nem ganancioso e nem ciumento.
Se queres ser feliz, sê sempre verdadeiro e transparente.
Se queres ser feliz, procura sempre fazer o bem e evitar o mal.
É vivendo assim, nessa direção, que serás feliz.
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Padre Ignácio Pilz
Cavaleiro da Imaculada (Ed. 353 – julho, 2009)

Deus existe, aproveite a vida!


Circula em alguns ônibus de cidades da Europa o slogan: "Provavelmente Deus não existe, deixe de preocupar-se e aproveite a vida". Será que eliminando Deus do horizonte da existência poder-se-á eliminar a culpa por uma vida vazia de valores? Ou a noção de dever é um imperativo ínsito na própria natureza do ser humano? Será Deus um estorvo ou é Ele nossa origem e nosso destino? Não é possível não tomar posição diante destas questões.
Na Roma pagã os deuses não eram empecilhos para o "aproveite a vida". Era assim a vida no Olimpo, morada dos deuses, um lugar de desfrute e de disputa pelo poder. Donde imperar na cultura e na vida da sociedade daquele tempo o "carpe diem", expressão latina que tem o mesmo sentido. Entretanto, mesmo antes da chegada do cristianismo, na Grécia houve filósofos que entenderam que mais vale a prática da virtude do que a satisfação dos sentidos. O próprio Epicuro, ao propor o prazer como sumo bem, se refere ao prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa-medida e não dos excessos. Epicuro valoriza, pois, os prazeres morais e não identifica a felicidade com o prazer imediato. É de Epicuro a afirmação: "De todos os bens que a sabedoria nos faculta como meio de obter a nossa felicidade, o da amizade é de longe o maior".
Mas vigora no paganismo romano, com origens filosóficas na Grécia, o hedonismo que faz do prazer imediato o sentido da vida. O slogan afixado nos ônibus de algumas cidades da Europa se situa na linha do hedonismo, modo de pensar que sustenta a propaganda consumista que todos os dias invade nossas salas de TV. Para Aristóteles, porém, o fim supremo da vida humana é a felicidade. Mas a felicidade não está no prazer imediato, está na prática da virtude e na paz social. Donde a importância da Ética, no pensamento de Aristóteles, bem como da Política como lugar por excelência da vivência das virtudes, máxime da justiça. Ele tinha clareza de que a felicidade só pode existir plenamente através de uma ordem social justa. Ora, uma ordem social justa exige das pessoas a busca do bem comum acima dos interesses individuais. Donde ser o hedonismo uma proposta que em última análise destrói a possibilidade de viver com prazer, com alegria. Como viver com prazer numa sociedade em que cada um busca seu interesse imediato? Para os homens religiosos não há alegria maior do que a de estar com Deus. Já neste mundo é feliz quem desfruta da amizade com Deus. O destino final da existência humana é o infinito prazer da comunhão plena com Deus, depois desta vida, comunhão entendida como união amorosa, esponsais místicos.
A proposta do "slogan" acima servirá por algum tempo para algumas pessoas como forma de driblar a angústia existencial que mora em nós pelo fato de sermos mortais. A filosofia do prazer é a versão mascarada da filosofia do desespero. Em um momento de crise existencial mais aguda, essa postura ensejará o suicídio. Quando não se puder mais "aproveitar a vida", restará o suicídio como saída. Aliás, em nosso mundo já há os que defendem a eutanásia. Para outras pessoas, o referido slogan é uma mensagem cheia de cinismo, pois veicula desprezo pela vida dos que não podem gozá-la e se torna assim um horroroso convite ao desespero. Imagine esse slogan afixado, não nos ônibus, mas na entrada de hospitais, nas escolas onde estudam nossas crianças, nos bairros miseráveis da África ou nos casebres de nossos bolsões de pobreza. Mas Deus existe. Mais ainda: Ele veio até nós e assumiu nossa condição, nossas enfermidades e nossas iniquidades, como profetizou Isaías. O amor o sustentou. Ele afirmou: "O Pai me ama e eu amo o Pai"; "vim trazer vida e vida em abundância"; "a minha vida eu a dou"; "eu sou o grão de trigo" que aceita morrer para dar vida; tudo o que desejo "é que minha alegria esteja em vós"; "para isso aceito morrer".
O prazer e a dor por si mesmos não têm nenhum sentido. O prazer passa. A dor também. Do só prazer sobra o vazio que pede mais prazer, ao qual segue mais vazio. O prazer e a dor só têm sentido quando são assumidos no amor e dele se tornam expressão. É o amor que dá sentido ao nosso viver. A vida, esse espaço de tempo que vai de nossa concepção até nossa morte, é para ser vivida no amor. Quem assim a vive, vai construindo sua identidade, e, ao morrer entrará definitivamente na plenitude da vida, deixando na história as marcas de sua passagem.
Aproveite, portanto, a vida, gastando-a no amor, pois Deus existe, Ele é amor, caminha com você e o espera para um maravilhoso encontro de amor, sem fim.
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Dom Eduardo Benes
Cavaleiro da Imaculada (Ed. 353 – julho, 2009)

25 janeiro 2011

Sogra não é minha mãe!


“O filho insulta o pai, a filha se ergue contra a mãe, a nora está contra a sogra, os inimigos de uma pessoa são os da própria casa” (Miqueias 7,6)

Dizem que um jovem chegou em casa muito alegre e foi contar para sua mãe que havia encontrado a moça de seus sonhos e pretendia casar-se com ela.
Com ar de reprovação, sua mãe foi logo dizendo: “Você acha que ela será capaz de tirar as manchas de suas roupas de trabalho e passar suas camisas sem enrugar o colarinho? E aquela minha comidinha gostosa, o arroz soltinho e a batatinha bem sequinha, você consegue sobreviver sem eles?”.
Percebendo um fundinho de ciúme nas palavras da mãe, o jovem disse: “Mãe, não se preocupe, ela me ama e saberá cuidar de mim. Olhe, por brincadeira, vou trazer três jovens para conversar com a senhora. Tenho certeza que irá identificá-la facilmente, mesmo sem conhecê-la, pois ela é muito dócil e carinhosa”. Ela então concordou com o teste e, no dia seguinte, recebe as três desconhecidas. O jovem retira-se e deixa as quatro conversando por horas, no sofá.
Ao retornar, o rapaz leva sua mãe para outro aposento e lhe pergunta: “E aí, mãe? É capaz de adivinhar com qual delas vou me casar?” “Claro que sim! – responde ela prontamente – Com a moreninha do meio”. Surpreso e boquiaberto com a resposta, o rapaz exclama: “É incrível mãe! Acertou em cheio! Mas, como é que a senhora adivinhou?” “Muito simples – responde a mãe – eu não fui com a cara dela”.
Claro que isto não passa de uma “piadinha”, porém, ela deverá auxiliar a nossa reflexão. Toda sogra precisa enxergar na nora uma filha inexperiente que precisa de sua ajuda amorosa. Também a nora tem que enxergar na sogra uma mãe que, por amor, só por amor, tenta passar sua experiência e seus conhecimentos domésticos. Ela conhece, nos mínimos detalhes, todos os gostos do seu filho e, por isso, se antecipa para fazer as refeições e engomar o colarinho de sua camisa. No entanto, na ânsia de ajudar, a sogra não percebe o quanto está interferindo na vida do casal e aí começam os conflitos familiares.
A regra básica é orientar com muito amor e cautela para evitar constrangimento. Convém lembrar que todos nós passamos por isso. É o início de uma nova vida. Lua de mel é uma época maravilhosa, onde tudo é novidade, tudo é belo e engraçado. Por isso, até mesmo o bolo queimado, a batatinha encharcada e o arroz empapado, salgado ou sem sal acabam por receber elogios de nossos filhos, recém-casados. E, para encerrar nossa meditação, observe que no título de nossa história falta uma vírgula. Onde você a colocaria? Antes ou depois do não? Esperamos que após meditar a leitura deste texto, você a coloque em seu merecido lugar e grite bem alto: “Sogra não, é minha mãe!”.
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Jorge Lorente
O Mílite (Ed. 239 – novembro, 2010)

18 janeiro 2011

Cavaleiro de janeiro


A edição número 370 referente aos meses de janeiro e fevereiro da revista Cavaleiro da Imaculada traz um resumo do pronunciamento do papa Bento XVI sobre a história da beata Ângela de Foligno. Neste ano em que "comemoramos" os 70 anos do martírio de são Maximiliano, um artigo intitulado “Não há maior amor que dar a vida pelos irmãos” trata um pouco da vida deste santo e da revista Cavaleiro da Imaculada. A seção Espiritualidade é sobre Zaqueu. A seção Faces de Maria apresenta Nossa Senhora da Serra. A seção Catequese explica como funciona o Ano Litúrgico. Os Estudos Marianos falam da “Presença de Maria no tempo apostólico”, ou seja, alguns fatos sobre a mãe de Jesus em algumas passagens bíblicas. Rezando com a Imaculada apresenta um encontro para ser utilizado em um retiro. Nas Grandes Figuras Humanas da Bíblia é analisada terceira parte da história de "Rute, a moabita, bisavó de Davi". A seção Alô Jovem revela qual é o Nosso Maior Ideal, logo de início, com uma pergunta: Para que estou vivo? Agora, é só ler a revista e alimentar-se de fé, esperança e Amor.