
“O filho insulta o pai, a filha se ergue contra a mãe, a nora está contra a sogra, os inimigos de uma pessoa são os da própria casa” (Miqueias 7,6)
Dizem que um jovem chegou em casa muito alegre e foi contar para sua mãe que havia encontrado a moça de seus sonhos e pretendia casar-se com ela.
Com ar de reprovação, sua mãe foi logo dizendo: “Você acha que ela será capaz de tirar as manchas de suas roupas de trabalho e passar suas camisas sem enrugar o colarinho? E aquela minha comidinha gostosa, o arroz soltinho e a batatinha bem sequinha, você consegue sobreviver sem eles?”.
Percebendo um fundinho de ciúme nas palavras da mãe, o jovem disse: “Mãe, não se preocupe, ela me ama e saberá cuidar de mim. Olhe, por brincadeira, vou trazer três jovens para conversar com a senhora. Tenho certeza que irá identificá-la facilmente, mesmo sem conhecê-la, pois ela é muito dócil e carinhosa”. Ela então concordou com o teste e, no dia seguinte, recebe as três desconhecidas. O jovem retira-se e deixa as quatro conversando por horas, no sofá.
Ao retornar, o rapaz leva sua mãe para outro aposento e lhe pergunta: “E aí, mãe? É capaz de adivinhar com qual delas vou me casar?” “Claro que sim! – responde ela prontamente – Com a moreninha do meio”. Surpreso e boquiaberto com a resposta, o rapaz exclama: “É incrível mãe! Acertou em cheio! Mas, como é que a senhora adivinhou?” “Muito simples – responde a mãe – eu não fui com a cara dela”.
Claro que isto não passa de uma “piadinha”, porém, ela deverá auxiliar a nossa reflexão. Toda sogra precisa enxergar na nora uma filha inexperiente que precisa de sua ajuda amorosa. Também a nora tem que enxergar na sogra uma mãe que, por amor, só por amor, tenta passar sua experiência e seus conhecimentos domésticos. Ela conhece, nos mínimos detalhes, todos os gostos do seu filho e, por isso, se antecipa para fazer as refeições e engomar o colarinho de sua camisa. No entanto, na ânsia de ajudar, a sogra não percebe o quanto está interferindo na vida do casal e aí começam os conflitos familiares.
A regra básica é orientar com muito amor e cautela para evitar constrangimento. Convém lembrar que todos nós passamos por isso. É o início de uma nova vida. Lua de mel é uma época maravilhosa, onde tudo é novidade, tudo é belo e engraçado. Por isso, até mesmo o bolo queimado, a batatinha encharcada e o arroz empapado, salgado ou sem sal acabam por receber elogios de nossos filhos, recém-casados. E, para encerrar nossa meditação, observe que no título de nossa história falta uma vírgula. Onde você a colocaria? Antes ou depois do não? Esperamos que após meditar a leitura deste texto, você a coloque em seu merecido lugar e grite bem alto: “Sogra não, é minha mãe!”.
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Jorge Lorente
O Mílite (Ed. 239 – novembro, 2010)
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